R-existências socioambientais no contexto dos povos do campo, das águas, das florestas e das cidades

Coordenadora: Profa. Dra. Mercedes Solá Pérez 

Resumo:

No cotidiano, os povos do campo, das águas, das florestas e das cidades (re)inventam e produzem e reproduzem suas vidas. Com conflitos em seus territórios, aqueles internos, e especialmente os externos; com autonomia, com, apesar ou além do Estado e fazendo comunidade e construindo suas próprias formas de territorialidade (FABRINI, 2007). Ao mesmo tempo em que confirma-se a necessidade de exigir e garantir direitos legais e justiça ambiental e territorial a construção de formas de organização comunitárias próprias permite a autonomia e a territorialização de fato. É fundamental evidenciar essas existências outras. Chamam-se aqui resistências sociais àquelas formas que Scott (2000) denomina cotidianas de recriação permanente da vida, de atos não visíveis que de alguma maneira permitem a reprodução da vida da maneira mais digna e; as formas de resistência pública que tratam sobre as manifestações, ocupações e atos de reivindicação geralmente mais visíveis. Também resulta interessante destacar as resistências em alianças (SOLÁ PÉREZ, 2016) relacionadas àquilo que tem se denominado de agenciamento, isto é, alianças políticas junto a movimentos sociais, junto a universidades, ONG e outras instituições/sujeitos que ainda que não vivenciam a mesma situação de vulnerabilidade das comunidades, contribuem com suas lutas. Desta maneira, o objetivo geral deste projeto propõe analisar processos de r-existências sociais dos povos do campo, das águas, das florestas e das cidades em relação à luta pela terra no campo e na cidade e à reprodução da vida através de diversas estratégias.  A pesquisa se propõe em diálogo permanente com os sujeitos da mesma, isto é os povos do campo, das águas, das florestas e das cidades. Nesse diálogo, as premissas são: manter relações horizontais nas quais nenhum dos sujeitos se omita, seja invisibilizado ou constrangido ao falar, haja respeito mutuo e uma escuta ativa, reconhecendo os diferentes conhecimentos. O diálogo de saberes entre sujeitos pesquisados/pesquisadores nativos e pesquisadores/pesquisadoras externas pode permitir uma leitura do mundo menos fragmentada, ainda que sempre parcial e, assim fortalecer todos os sujeitos envolvidos no processo. Nesse sentido, é importante a relação entre a pesquisa, o ensino e a extensão, assim como a interdisciplinariedade. Pisando juntxs na terra é possível ver e construir horizontes de sentido, vivências/experiências de fazer comunidade/territorialidade a partir de outras formas de sociabilidade (DANDREA, 2018). A partir das experiências nos âmbitos de intercâmbio e de metodologias participativas; a revisão de documentos das comunidades, arquivos oficiais, monografias, dissertações, teses e; diálogos permanentes em diferentes instâncias; será possível tanto realizar os objetivos do projeto como construir outros materiais de divulgação que forem pertinentes dentro da proposta.

 

Geo-roteiros: ressignificando as territorialidades do município do Rio Grande

Coordenador: Prof. Dr. Cristiano Quaresma de Paula

Resumo:

O município do Rio Grande - mais antigo do Rio Grande do Sul - apresenta diversidade de histórias, algumas constam em livros e se evidenciam materialmente no território em prédios históricos e em monumentos de figuras proeminentes. Outras foram ocultadas e/ou esquecidas, e aos locais em que ocorreram, contemporaneamente, atribui-se usos e significados diferentes, o que leva ao apagamento de lutas e grupos sociais envolvidos outrora. O conceito de território (RAFFESTIN, 2012) nos permite compreender essa dialética entre memória e esquecimento, na produção de território sobre territórios, por meio da criação e recriação de valores econômicos, culturais, sociais e políticos. Recuperar a memória é fundamental no processo de reivindicação do território e contribui para reduzir as invisibilidades sociais produzidas ao longo do tempo e no espaço. Tal entendimento permite no presente revisitar eventos do passado, ressignificá-los, e a partir desse processo disputar projetos de futuro. Esse programa de extensão, integra projetos que propõem o estabelecimento de roteiros temáticos, que visam recuperar sentidos e representações a partir de um trajeto que passa por marcadores territoriais "vivos, religiosos/sagrados, fabricados, históricos, musicais" (HENRIQUE, 2004) da cidade. Cada roteiro promovido no âmbito do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão (R)Existências Ambientais e Territoriais - (R)EAT está estruturado em cinco momentos. Primeiro: estabelecimento do tema e realização da pesquisa que dará suporte ao roteiro, em diálogo com sujeitos sociais e especialistas. Segundo: planejamento do roteiro, preparação dos interlocutores, elaboração de material de apoio e divulgação. Terceiro: realização do roteiro guiado, com participação da comunidade. Quarto: sistematização do registro audiovisual e textual do roteiro e avaliação. Quinto: pesquisa de adaptação do roteiro com uso de outras técnicas e tecnologias. Esses roteiros serão promovidos pela equipe de extensionistas em diálogo com os principais grupos sociais implicados. Sua realização será aberta à comunidade, com inscrições prévias, ou, quando solicitado poderá atender grupos específicos como turmas de escolares da rede pública de ensino.

 

Rede de Geografias da Pesca: cooperação acadêmica e social (2021-atual)

Financiamento: FURG.

Coordenador: Prof. Dr. Cristiano Quaresma de Paula

Resumo:

A Rede de Geografias da Pesca foi constituída em 2012, a partir da iniciativa de um grupo de geógrafos(as) que buscavam ampliar os debates a respeito da pesca artesanal na Geografia brasileira, e estabelecer um canal de interlocução e cooperação entre pesquisadores e movimentos sociais da pesca. Em 2020 a rede foi institucionalizada como Grupo de Pesquisa do CNPq, e passou a promover tanto projetos em rede, quanto na instituição em que está lotada - ICHI - FURG. O presente programa de extensão busca fortalecer as ações da rede, voltada à comunidade pesqueira. A promoção da relação universidade-comunidade-universidade, no âmbito da Geografia, constitui estratégia de promoção de Geografias das Emergências, ao enaltecer a importância da autonomia no/do território. Logo, o presente programa de extensão busca enfrentar os paradigmas da modernização que orienta as Geografias das Ausências e contribui na produção de invisibilidades sociais. Diante disso, o programa está estruturado em dois eixos universidade-comunidade, e comunidade-universidade. No primeiro as ações visam que a universidade se volte à comunidade, participando em discussões promovidas pelos movimentos e outras organizações sociais. Destacam-se duas frentes de atuação: a) participação e assessoria aos movimentos sociais da pesca, de escala nacional e regional, em reuniões e na elaboração de documentos técnico-científicos; b) atuação junto às comunidades e organizações sociais, em escala regional e local, promovendo discussões sobre a gestão compartilhada e territorial da pesca artesanal. No segundo eixo propõe-se a inserção da comunidade nas discussões acadêmicas, a partir dos diálogos de saberes. Isso se dará a partir de duas frentes principais, c) manutenção da revista Mares, periódico intercientífico, como meio de fomento ao diálogo em processos de ensino-pesquisa e extensão; e d) ampliar a participação das comunidades em discussões sobre a pesca artesanal na universidade, no ensino (participando de disciplinas de graduação e de pós-graduação e em eventos), na pesquisa (atuando em projetos de pesquisa e de bancas avaliadoras de trabalhos de conclusão de curso), e na extensão (na apresentação das demandas, e das estratégias para o seu atendimento). Diante do exposto, o presente programa tem como objetivo fortalecer a cooperação entre academia e comunidade pesqueira, por meio da Rede de Geografias da Pesca.

Bolsistas:

EPEC Extensão: Layon Brum da Silva (2022-2023), Karina Yukari Ueno (2021-2022), Darlan Goulart (2023), Alexia de Barros (2023).

 

PQA: Giulia Câmara, Julia Ribeiro, Michele Pachetes, Leonardo Greque, 

Colaboradores:

Docentes:

Profa. Dra. Catherine Prost (UFBA)

Profa. Dra. Catia Antonia da Silva (UERJ)

Prof. Dr. Christian Nunes da Silva (UFPA)

Prof. Dr. Eduardo Schiavone Cardoso (UFSM)

Profa. Dra. Guiomar Inez Germani (UFBA)

Profa. Dra. Tatiana Walter (FURG)

Comunidade:

Nilmar Silva Da Conceição (MPP)

Viviane Machado Alves(MPP)